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“A informação é poder”
“A informação é poder” é uma máxima milenar que ouvimos em inúmeras ocasiões, embora o nível actual de desenvolvimento das tecnologías de informação e das comunicações a tenha elevado a um novo nível de expressão se tivermos em conta a forma como a informação se obtém, uma vez que se parte de um volume crescente de dados que necessitam de um tratamento cada vez mais rápido, e a existência de fontes de informação cada vez mais diversificadas.
Os dados converteram-se no novo petróleo; basta observar a proliferação de serviços “gratuitos” que pretendem revolucionar diariamente a prestação de serviços considerados tradicionais e nos quais parecia que já nada estava por inventar.
Contas de email “gratuitas”, serviços de mensagem e voz “sem custos”, redes sociais com diferentes características que trazem vantagens e visibilidade sem ter que pagar aparentemente um euro são apenas alguns dos exemplos que ilustram como sobrevivem estas empresas que prestam este tipo de serviços, ano após ano, e sem um modelo de pagamento tradicional pelos seus utilizadores.
Apesar das características de cada empresa puderem diferir em determinados detalhes, boa parte baseia-se na obtenção de dados pessoais e/ou de informação que os próprios utilizadores disponibilizam gratuitamente (ao aceitar os termos de uso do serviço) e que permitem obter um retorno económico suficientemente amplo para poder pagar os custos de manutenção e expansão, inclusive obter uma margem adicional de benefício.
Os smartphones e as informações recolhidas pela administração pública e privada sobre os indivíduos (por exemplo, hábitos de navegação, perfis de utilizador no serviço de rede, etc) permitem um canal direto com o utilizador final (consumidor e / ou cidadão) o que permite dirigir, de maneira precisa, mensagens concretas com diversificado interesse a todo o momento.
A detecção de necessidades dos clientes ou cidadãos com base em padrões clássicos (idade, actividade económica, ocupação profissional, etc) já não é eficaz. A revolução tecnológica permite determinar, em tempo real, num espaço geográfico concreto (lugar, bairro, cidade, etc) e a nível individual ou de grupo o estado em que se encontram e/os interesses concretos que movem todos e cada um de nós, com cada vez maior precisão.
Deste modo, e sem solicitar de forma explícita, através da tecnologia chegam-nos propostas de compra de interesse próprio (por ex: através de buscas de informação que realizamos) ou de outros (por ex: aniversários ou acontecimentos de pessoas dentro do nosso grupo de relações), atendendo a um pressuposto associado à capacidade real ou potencial de aquisição tendo em conta o próprio comportamento de consumo do último período e também ao consumo compulsivo detectado no momento da sugestão.
Outros exemplos levam-nos, no entanto, a temas mais delicados e complexos, como por exemplo, pensar como seria o pagamento de seguros de saúde ou de acesso a certos empregos em função dos nossos hábitos e comportamentos públicos e privados, informação esta que muitas vezes colocamos à disposição de terceiras partes sem qualquer constrangimento.
Simultaneamente, e integrado na “cultura do imediato” que geralmente se aplica às sociedades ligadas em rede, podemos constatar uma rápida automatização dos processos organizativos nas empresas públicas e privadas por forma a conseguir obter análises, com um maior nível de detalhe, dos processos produtivos para conseguir produzir/prestar serviços com uma velocidade cada vez maior que é requerida pelos mercados actuais e com o máximo de redução possível dos custos associados.
Este cenário coloca-nos duas considerações críticas que afectam tanto a nível individual como económico e social no seu conjunto: o controlo da privacidade dos dados por parte dos indivíduos relacionado com a forma como é obtida e tratada a informação pessoal por terceiras partes, juntamente com as crescentes necessidades de aplicar medidas de segurança da informação nas organizações que gerem dados e informação essencial (dados pessoais, informação estratégica, etc) como garantia de cumprimento legal mas também de protecção de know-how nas actividades económicas e sociais.
O controlo da privacidade já está considerado nos diplomas de protecção de dados pessoais desde os anos 90 com a criação de entidades nacionais de protecção de dados. A crescente procura na regulação destes aspectos levou ao desenvolvimento, dentro da União Europeia, de um novo texto actualizado que entrará em vigor no próximo ano de 2018.
Por outro lado, a gestão da segurança da informação nas organizações (públicas ou privadas, grandes ou pequenas, com ou sem objectivo de lucro) para reduzir a exposição a cenários de risco e protecção da confidencialidade, integridade e disponibilidade da informação essencialmente estratégica e/ou de utilização diária pode resolver-se cumprindo os requisitos da norma ISO/IEC 27001 em vigor desde 2015.
De facto, a ISO/IEC 27001 é um marco no que respeita ao desencadeamento de considerações em termos de protecção da informação das organizações e de resposta a requisitos legais como os de protecção de dados, protecção das telecomunicações, o dever de confidencialidade das pessoas, a relação de intercâmbio de informação com outras partes internas e externas, a continuidade do negócio nos cenários menos favoráveis, entre outros aspectos.
Por último, com base nestas considerações e experiências reais verificadas nos meios de comunicação e no espaço em que actuamos, podemos concluir que as organizações que não protegem os seus dados e informação essencial estão destinadas a desaparecer devido a penalizações económicas relacionadas com incumprimentos legais, falta de competitividade nos mercados, falta de eficiência dos seus processos produtivos e/ou incapacidade de diferenciação face à sua concorrência.
O aumento de 20% de certificações de acordo com a norma ISO/IEC 27001, a nível mundial no último ano, deve ser um valor a ter em conta e que não deve ser subestimado pelas empresas.
Agustin Lopes Neira
(Lead Auditor ISO 27001)
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