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maio de 2013 | nº25
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MOBILIDADE EMPRESARIAL

O que são planos de mobilidade empresarial? Quais são os objetivos da implementação desse tipo de planos?

Os planos de mobilidade empresarial são ferramentas que apoiam as organizações a gerir de forma mais eficiente a mobilidade induzida pela sua atividade, através do desenvolvimento e implementação de um conjunto integrado de medidas especificamente ajustadas às características de cada organização, ao seu perfil de atividade e às suas exigências. Esses planos devem contribuir para gerir recursos escassos, minimizar impactes negativos e maximizar benefícios, podendo servir também para determinar oportunidades de diferenciação da organização no mercado em que opera.

Os objetivos de um plano de mobilidade empresarial, de um modo genérico, são os seguintes:

  • Reduzir o número de viagens motorizadas realizadas pelos colaboradores e induzidas a terceiros;
  • Promover a transferência modal dos colaboradores e clientes e reduzir a dependência do transporte individual;
  • Gestão da frota;
  • Redução dos serviços prestados por fornecedores.

Quais são as fronteiras operacionais dos planos de mobilidade empresarial?

As fronteiras operacionais dos planos de mobilidade não se restringem apenas aos movimentos pendulares dos colaboradores da empresa, podendo abranger:

  • Viagens realizadas pelos colaboradores em serviço, pela frota da empresa e pelos visitantes;
  • Transportes efetuados por fornecedores de bens e serviços;
  • Mobilidade dos clientes (em particular no caso de organizações que efetuem atendimento ao público).

Quais são as motivações para a implementação desse tipo de planos?

As principais motivações para o desenvolvimento de planos de mobilidade pelas empresas são as seguintes:

  • Custos imobiliários, características das instalações da empresa e acessibilidade: Abrange um conjunto de problemas específicos do local onde se encontra a organização, tais como dificuldades de estacionamento e de acesso, congestionamentos de trânsito, entre outros;
  • Regulamentação externa à empresa (legislação que imponha restrições de mobilidade/acessibilidade);
  • Imagem da empresa: Uma parte dos planos de mobilidade empresarial que são implementados resulta dos valores ambientais da organização. Outro fator que motiva a elaboração desses planos é a certificação ambiental (Norma ISO 14001 e EMAS), que contribui para a melhoria da imagem pública da organização;
  • Dar o exemplo: Em vários países, nomeadamente em Inglaterra, os governos e as autoridades locais estão sobre pressão constante para darem o exemplo, encorajando outras organizações a implementarem planos de mobilidade empresarial.

Quais são as fases de desenvolvimento desse tipo de planos?

As fases de desenvolvimento dos planos de mobilidade empresarial são descritas em seguida:

  • Pré-diagnóstico: Nesta fase, a organização poderá ter um conhecimento genérico dos planos de mobilidade empresarial ou então possui uma compreensão básica dos mesmos, o que dificulta o processo de implementação;    
  • Diagnóstico: Como resposta a problemas específicos do local onde se encontra ou a uma regulamentação, a organização toma conhecimento do propósito e do potencial associado aos planos de mobilidade empresarial;
  • Preparação: A organização pode agora dedicar recursos para o desenvolvimento de um plano de mobilidade. Nesta fase, é efetuado um estudo das deslocações realizadas pelos trabalhadores, fornecedores e clientes/visitantes, de modo a determinar os modos de transporte utilizados, as respetivas atitudes e restrições relativamente a esses mesmos modos e outros dados, podendo também serem efetuadas negociações com os operadores de transportes e com as autoridades locais para a integração do plano no quadro de mobilidade local/regional;
  • Ação: Nesta fase, a organização começa a pôr em prática elementos do plano de mobilidade, que poderão incluir incentivos (provisão de balneários e vestiários para estimular o uso de bicicletas nos movimentos pendulares, pagamento do passe/bilhetes, entre outros), desincentivos (alteração da política de estacionamento da empresa, entre outros) e medidas básicas (fornecimento de informação, concessão de empréstimos sem juros, entre outras);
  • Manutenção: A organização terá de continuar a monitorizar os impactes e gerir o processo evolutivo de implementação de um plano de mobilidade. Trata-se de um processo que exige tempo e que requer geralmente a delegação de responsabilidades no sentido de assegurar a sua execução;
  • Retrocesso: Pode ocorrer em qualquer fase do processo e resulta de vários fatores, tais como a reestruturação da organização, a saída de membros chave ou a resolução do problema inicial (que motivou a implementação do plano de mobilidade).

Uma organização pode iniciar o processo de implementação em qualquer uma das fases (que não são necessariamente sequenciais) e evoluir a um ritmo diferente das restantes, dependendo essa evolução das barreiras que forem surgindo ao longo do processo.

Quais são as barreiras à sua implementação?

Existem várias barreiras à implementação dos planos de mobilidade empresarial:

  • Interesses da empresa e barreiras internas: Para a maioria das empresas privadas, a insustentabilidade associada aos movimentos pendulares dos seus trabalhadores não constituí um problema. Essas organizações consideram irracional despender dinheiro num empreendimento altruísta e só quando se deparam com problemas operacionais específicos é que dedicam recursos para esse fim (existem exceções à regra, nomeadamente as empresas cuja imagem em termos ambientais está ligada à sua posição no mercado);
  • Falta de regulamentação: A regulamentação é, como já foi referido, um dos fatores que mais motiva as organizações a implementarem planos de mobilidade. Esta terá de ser eficiente, o que implica a verificação desses planos e posterior monitorização (para avaliar os seus efeitos). Além disso, um sistema de regulamentação necessita de um mecanismo de avaliação consistente, de modo a assegurar que todos os planos são tratados de um modo equitativo;
  • Impostos: Em termos históricos (nos países onde existe prática de gestão de mobilidade empresarial), qualquer contribuição da entidade patronal para o pagamento das despesas associadas aos movimentos pendulares dos trabalhadores tem sido sujeita a tributação, o que tem condicionado o tipo de medidas implementadas em planos de mobilidade. Essa situação tem vindo gradualmente a alterar-se, já que muitas dessas medidas deixaram de ser tributáveis;
  • Limitações da rede de transportes coletivos: Para uma parte considerável dos trabalhadores, a transferência modal, do transporte individual para o coletivo, é pouco atrativa, o que dificulta o processo de marketing;
  • Novidade do conceito: Os planos de mobilidade empresarial são relativamente recentes e, por essa razão, existem poucos exemplos de casos bem-sucedidos, o que dificulta o processo de marketing. Esta barreira será, gradualmente, ultrapassada, à medida que vão sendo elaborados cada vez mais estudos que analisam a eficácia desses planos na redução dos impactes ambientais associados à mobilidade. 

EXEMPLOS EM PORTUGAL:

Caixa Geral de Depósitos (CGD)

A CGD foi pioneira em Portugal no desenvolvimento de planos de mobilidade empresarial. Foi com esse enquadramento que em 2007 deu início à estruturação de um plano de gestão da mobilidade induzida pela sua atividade, envolvendo colaboradores, utentes e clientes, fornecedores de bens e serviços, bem como outros visitantes. O Plano de Mobilidade da CGD está integrado numa estratégia de ação para combater às alterações climáticas - o Programa Caixa Carbono Zero 2010. Outras iniciativas apoiadas pela CGD incluem o projeto "NOVAmente a pedalar".

EDP

A EDP encontra-se a desenvolver um plano de mobilidade, ainda em fase inicial, que pretende reduzir as deslocações dos colaboradores, bem como otimizar a frota de veículos de serviço. A fase de diagnóstico do plano contemplou sugestões dos intervenientes (colaboradores e parceiros) com vista à diminuição da necessidade de realizar viagens em transporte individual. Para tal, foi criado um site na Internet de partilha de ideias para racionalização dos recursos, nomeadamente dos recursos energéticos e do tempo despendido nas deslocações. As medidas que estão a ser implementadas incluem:

  • O programa “E-conosco”, destinado à promoção do carpooling, explorando sinergias das deslocações em grupo e a generalização do recurso às videoconferências para a realização de reuniões, evitando desta forma um número alargado de deslocações;
  • A implementação de teletrabalho, que se encontra a ser testada em algumas obras, nomeadamente a construção de barragens, onde a empresa incentiva a fixação de novos residentes.

A implementação do plano de mobilidade permitirá quantificar a pegada carbónica dos colaboradores e a da própria empresa, função da sua atividade.

André Pereira
Mestre em Engenharia do Ambiente pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa

Fontes Utilizadas:



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