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Qualidade e Segurança Alimentar – Evolução para uma Perspectiva Integrada desde o Sector Primário
De uma forma geral, verifica-se um investimento no sentido de garantir um produto mais seguro através de um maior controlo. Com cada vez mais produtos transformados e prontos a ser consumidos, o problema mais premente e visível é principalmente de ordem microbiológica, podendo resultar em toxi-infecções alimentares. Outro aspecto prende-se com eventuais contaminações com objectos ou substâncias indesejáveis durante o processamento (vidro, resíduos de detergentes, etc.) que podem ser altamente prejudiciais à saúde do consumidor, e à imagem da marca! Actualmente, as empresas agro-alimentares apostam muito na redução destes riscos. Com uma eficácia variável na sua implementação, a tónica tem sido posta numa abordagem preventiva, que tem por base a amplamente consensual, e hoje em dia obrigatória, metodologia HACCP, e melhorias na gestão dos aspectos relacionados com a qualidade. É, contudo, significativo verificar que as últimas grandes “crises” alimentares têm a sua origem a montante das agro-indústrias, mais directamente no sector primário. BSE, dioxinas, pesticidas, ou nitrofuranos são todos eles factores que resultam das condições de produção agrícola ou pecuária. Estes são perigos mais insidiosos, cuja presença apenas pode ser detectada através de análises sofisticadas e caras, e que não originam sintomas que se possam relacionar claramente com o factor que lhes deu origem. Frequentemente, desconhece-se com exactidão quais serão os seus efeitos na saúde humana a médio/longo prazo. Por se tratarem de riscos novos e ainda mal conhecidos, assumem um aspecto assustador para o consumidor que começa a olhar para os seus alimentos de sempre como escondendo substâncias que nunca tinha imaginado poderem existir. Só após estas crises é que o conceito de segurança alimentar começou a ser alargado ao sector primário que, até aí, tinha sido relegado para segundo plano, esquecendo-se que aí se inicia a cadeia que dá origem aos produtos alimentares. No entanto, para dar resposta a uma crescente procura de matérias-primas a custo competitivo, o sector primário evoluiu, e as práticas agrícolas alteraram-se, nem sempre forçosamente no sentido da segurança e qualidade do produto. A nova regulamentação comunitária sobre higiene dos géneros alimentícios, que já entrou em vigor, vem finalmente marcar uma viragem para uma abordagem mais abrangente da segurança alimentar. Inclui claramente a produção primária, dedicando especial atenção à produção animal. Também a recém-publicada norma ISO 22000 para certificação de sistemas de gestão de segurança alimentar, e que irá ser o indispensável complemento da ISO 9001:2000 para os intervenientes da cadeia alimentar, refere claramente a sua aplicabilidade a produtores agrícolas, pecuários, bem como a empresas com actividades afins como fabricantes de pesticidas, fertilizantes, alimentos compostos para animais ou medicamentos veterinários. Para uma integração eficaz é ainda dada ênfase à questão da comunicação entre os elos da cadeia. A norma ISO 22000 deverá dar resposta ao grande desafio futuro
que é a integração da cadeia alimentar, envolvendo
todos desde o sector primário no esforço para a segurança
e qualidade; e indo ao encontro do que será a visão do consumidor,
alargar ainda estas garantias a aspectos como o bem-estar animal, a protecção
do ambiente e as condições laborais. Isabel Gentil Berger
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