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novembro de 2013 | nº26
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ISO 9001:2015 PERSPETIVAS FUTURAS

A ISO 9001 Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos, encontra-se presentemente em processo de revisão, tendo em vista a sua publicação em Novembro de 2015. Neste artigo é dada informação sobre o processo de revisão: a decisão e razões para a revisão, as diferentes etapas e o calendário previsto, os principais objetivos e algumas características da futura norma.

DECISÃO DE REVER

Com uma periodicidade de cinco anos, de acordo com o processo normativo da ISO – International Organization for Standardization, as normas são submetidas a um processo de revisão para assegurar que se mantêm atualizadas. Em 2012 foi tomada a decisão de rever a ISO 9001:2008, pelos membros da ISO, participantes na ISO/TC 176 Quality Management Systems.

Segundo a ISO, as normas são desenvolvidas através de um processo de consenso entre os membros votantes, os organismos de normalização nacionais, sendo o IPQ – Instituto Português da Qualidade, o membro Português. No caso presente, após tomada a decisão de rever a ISO 9001, foi criado, em 2012, no seio da SC 2 da ISO/TC 176, o grupo de trabalho WG 24, responsável por redigir a futura norma. 

CALENDÁRIO PARA A REVISÃO E ESPECIFICAÇÕES DE ENTRADA

A primeira tarefa do WG 24 foi preparar o plano de projeto e rever as especificações de entrada para o mesmo, que foram posteriormente encaminhadas para a SC2 e levadas a votação e comentários pelos membros da ISO. A especificação de entrada define as linhas de orientação para a nova norma, que serve de referência para todos os trabalhos de revisão da 9001.

O primeiro draft da norma (CD1) já circulou para comentários, tendo sido aprovado com cerca de 70% de votos positivos. Foram considerados todos os comentários submetidos (cerca de 4.000), objeto de análise pelo WG 24 na reunião plenária da ISO/TC 176, realizada no Porto entre os dias 3 e 9 de novembro do corrente ano, tendo em vista a edição de uma versão DIS para votação e comentários pelos membros, de forma a melhorar o consenso sobre o texto da norma. Esta versão DIS está prevista para março de 2014, mantendo-se assim o prazo definido no projeto inicial, para a publicação da versão final da norma.

A figura seguinte mostra o calendário para a revisão da ISO 9001:2015

INFORMAÇÃO PARA A REVISÃO

No processo de revisão, os peritos nomeados pelos membros da ISO/TC 176/SC2, devem considerar um conjunto de documentos que suportam e fornecem informação sobre as alterações que são necessárias e as expetativas da comunidade de utilizadores da ISO 9001, nomeadamente:

  • Resultados do Web Survey com mais de 12.000 respondentes, dos quais, 500 portugueses;
  • Futuros conceitos para inclusão na ISO 9001;
  • Revisão dos Princípios de Gestão da Qualidade;
  • Interpretações formais da ISO 9001;
  • Notas e documentos de suporte da ISO.

OBJETIVOS E ÂMBITO DA REVISÃO

Intenção estratégica e finalidade da revisão: a revisão pretende refletir as mudanças no ambiente em que a norma é usada e assegurar que a mesma se mantém adequada para o seu propósito.

Para tal esta revisão deve:

  • Considerar as mudanças nas práticas de sistemas de gestão e nas tecnologias, desde a última revisão da norma em 2008 e providenciar um conjunto estável de requisitos para os próximos dez anos;
  • Assegurar que os requisitos desta norma refletem as mudanças no ambiente cada vez mais complexo, exigente e dinâmico em que as organizações operam;
  • Assegurar que os requisitos desta norma facilitem a sua eficaz implementação pelas organizações e que, quando aplicável, permitam a realização de auditorias de 3ª parte de valor acrescentado e eficazes;
  • Aumentar a confiança na capacidade da organização fornecer bens e serviços conformes;
  • Melhorar a capacidade da organização satisfazer os seus clientes;
  • Melhorar a confiança dos clientes nos sistemas de gestão da qualidade baseados na 9001;

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES:

A ISO 9001 mantém o seu âmbito inalterado, sendo uma norma centrada no cliente da organização e na capacidade desta fornecer consistentemente bens e serviços que vão ao encontro dos requisitos do cliente, melhorando a sua satisfação.

Como principais alterações salientam-se:

  • A introdução de novos conceitos como a abordagem à gestão baseada no risco, gestão da mudança, conhecimento organizacional, informação documentada, gestão de recursos, entre outros;
  • Aplicação da estrutura de alto nível e texto comum para as normas de sistemas de gestão, definida centralmente pela ISO;
  • A eliminação do requisito referente ás ações preventivas, passando o próprio sistema de gestão, com uma abordagem baseada em risco, a constituir uma ferramenta preventiva;
  • A introdução de requisitos associados à identificação do contexto da organização e requisitos relevantes de partes interessadas;
  • A revisão dos princípios de Gestão da Qualidade;
  • Uso de uma linguagem simplificada, capaz de ser compreendida por um número amplo de leitores; usando, por exemplo, o termo “bens e serviços” em detrimento do termo “produtos”;
  • A revisão profunda de alguns requisitos, com o objetivo de serem aplicados por organizações de todos os setores de atividade, nomeadamente, o requisito referente aos equipamentos de medição e monitorização e conceção e desenvolvimento;
  • Eliminação do conceito de exclusões sendo agora relembrada a possibilidade de haver flexibilidade na aplicação, mas não exclusão.

ESTRUTURA DE ALTO NÍVEL E TEXTO COMUM

Reconhecendo a popularização das normas de sistemas de gestão, a ISO decidiu definir uma estrutura, texto e definições principais comuns para uso em todos os sistemas de gestão, com o propósito de melhorar a consistência e o alinhamento das diferentes normas de gestão.

As organizações que implementam um sistema integrado que abrange diferentes normas são aquelas que terão mais benefícios com a adoção desta estrutura e texto comum.

Na estrutura e texto comum são introduzidos novos termos e conceitos, tais como a análise do contexto, determinação de requisitos de partes interessadas, abordagem baseada em risco e informação documentada. Na futura ISO 9001 é reforçado o enfoque no cliente.

OS 7 PRINCÍPIOS DE GESTÃO DA QUALIDADE

Os princípios de gestão da qualidade foram alvo de revisão tendo em vista a sua atualização. O princípio de abordagem sistemática de gestão fundiu-se com a abordagem por processos, dando origem a sete princípios. Para além da alteração da linguagem para maior clarificação dos conceitos, é reforçada a abordagem por processos como sistema de gestão, reforçada a necessidade de comprometimento das pessoas e a gestão de relacionamentos passa ter um significado mais abrangente do que os fornecedores.

PRÓXIMOS PASSOS

Uma vez aprovado o primeiro draft da norma o objetivo é aumentar o nível de consenso de modo a que na fase DIS o texto se encontre mais estável e que as objeções consideradas relevantes por alguns membros tenham sido resolvidas. Durante o periodo que decorre entre o CD1 e a fase DIS é prematuro centrarmo-nos no texto da norma, pois vão ainda surgir novas alterações.

Encontra-se me fase de preparação o plano de transição, havendo já uma confirmação de que as organizações vão necessitar de três anos para alterarem os seus sistemas, não devendo introduzir quaisquer alterações antes da sua publicação

Entretanto, o WG 23, responsável pela preparação de materiais de comunicação e  suporte encontra-se a rever os documentos de suporte e clarificação e outros materiais serão preparados para melhor comunicar ao mercado as alterações  propostas pela norma e as melhorias que pretendem introduzir nas organizações.

Joana dos Guimarães Sá
Diretora de Desenvolvimento APCER
Representante IQNEt na ISO/TC 176, SC 2 e WG 24:ISO 9001:2015



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